segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Textos Desreacionários I

Em uma das escolas que trabalho, participamos do Desafio Nacional Acadêmico e me pediram pra escrever uma dissertação com o tema: "Saídas criativas e originais para o fim da corrupção no país". Mais uma vez acabei por me indignar, agora me diga uma novidade! rsrsrs


Corrupção

Corrupção, do latim corruptione, substantivo feminino com sinônimos de suborno, ato ou efeito de corromper, podridão, decomposição, putrefação, atividade contrária à lei e à moral. Talvez um dos atos mais antigos conhecidos pelo homem. Para os dogmáticos, desde Adão e Eva o homem se corrompe, para os céticos desde que nos organizamos em sociedade. A corrupção já se tornou uma característica da sociedade brasileira, o “jeitinho brasileiro”. Nos orgulhamos de ser o país onde tudo dá-se um jeito, é uma realidade triste para um país de uma população de centenas de anos de sofrimento e luta pelo orgulho de sermos brasileiros. Desde nossos índios que adoravam símbolos da natureza, passando por Zumbi organizando sociedades negras livres paralelas à escravidão e chegando a políticos contemporâneos como Betinho, que a AIDS nos tomou, Ulisses Guimarães, ou até Jéferson Péres, um dos nossos últimos políticos honestos e éticos. Que vícios sociais ainda nos permitem essa tal corrupção?

Nossas decadentes sociedades subdesenvolvidas ocidentais nos garantem a perpetuação da corrupção. Seria uma inversão de valores da cultura judaico-cristã, ou apenas um abuso de dominação de poder por meio da educação. Haja visto que os países com piores índices educacionais são os mesmos de maiores índices de corrupção. Quem domina o saber detém o poder! Poder... Seria a ganância do homem então as causas dessa corrupção? Sem dúvida não. Podemos ser gananciosos, mas não somos sádicos, psicopatas sociais ou loucos, embora alguns de nossos políticos pareçam. Vivemos de uma cultura de: “Ele rouba mas faz”. Interessante... “Ele” faz o povo continuar sem educação, ele faz o povo continuar sem saúde, ele faz a distribuição de renda continuar pífia. Ele simplesmente reproduz o nosso ciclo vicioso de corrupção, e o pior, nossa sociedade aceita.

Aceitamos por nossa falta de informação, a mídia é alienante e não desmistifica esses problemas sociais, nos mostrando um “freak show” a cada jornal, em horário nobre somos invadidos por sensacionalismo barato e ignorante, sem informações realmente construtivas a uma população onde temos uma grande porcentagem de analfabetos funcionais. Vivemos de novelas e trabalho, como cavalos com tapas apenas enxergando a nossa frente, seguindo os caminhos e nunca observando o meio em que passamos.

A nossa política é reflexo de nossa sociedade, nos permitimos o abuso de poder. E agora, o que fazer? Soluções existem, claro! Agora, quem as irá aplicar? Os próprios políticos em seu antro de putrefação? Iriam eles, por si só, introduzir mudanças para que, a longo prazo, vivamos em uma sociedade menos corrupta, perdendo seu lucro fruto de meios ilícitos e corruptos? Não podemos generalizar, mas indubitavelmente a corrupção existente nos nossos três poderes não existe em tal proporção em nenhuma outra profissão ou relacionamento social. Medidas para melhorar nossa educação pública, saúde, diminuição de impostos para melhor distribuição de renda e crescimento econômico do país, fortalecimento de relacionamentos multilaterais econômicos e políticos com outras nações. Tudo isso pode nos auxiliar a uma mudança comportamental e cultural, mas, creio eu, o grande causador dessa nossa complacência com essa podridão, ou putrefação, ou corrupção, é a inversão de valores de nossa sociedade.

Quais são os valores que nossos educadores constroem? Qual é a meta de um estudante de ensino médio? Passar no vestibular? Onde ficam as rosas? Onde fica a poesia e todas as belas artes? Esquecemos da felicidade e vivemos hoje de livros de auto-ajuda e psicanálise. Nossos filhos esqueceram que seus pais merecem respeito e uma criança de cinco anos já decide o valor de sua mesada. Esquecemos que o trabalho deveria enobrecer o homem e não escravizá-lo. Nossos valores de amor, união, compaixão e felicidade estão às avessas ou inexistem. Contudo, não percamos a fé em nós mesmos, Che Guevaras morrem todos os dias, como morreu Prestes, como morreram Antônios Conselheiros, como morreram Panteras Negras, como morrem Zapatas, como morrem Cazuzas. Que renasça em nós a real vontade de mudança. Mas ainda assim como ser algo massivo?

A mídia está corrompida, a internet ainda sobrevive num “e-underground” intelectual, a internet é o hoje o rock de garagem da informação, onde todo mundo pode informar a qualquer momento e a qualquer um no mundo. Ainda assim, não vejo formas concretas.

A família já não cria mais filhos, recriam homens e mulheres sem senso de companheirismo, respeito, amor e qualquer felicidade que não seja ligada ao dinheiro, encontro ai outra palavra: Educação, polissílaba de grande importância a qualquer hominídeo presente na terra. Ela nos desperta a observação crítica de nosso meio, nos retira as amarras sociais e nos amplia o campo de visibilidade, nos ensina a inteligência aplicada e isso, claro, depende de como o educador se propõe a educar. Educadores não devem ser meros professores, devem ser sim os encaminhadores dos educandos a uma formação de opinião, a ver os fatos e interpreta-los com embasamento científico crítico. Educar é fazer com que as pessoas possam indagar sobre o meio em que vivem.

Os detentores do poder não permitem que a massa tenha acesso a educação de qualidade - lembremo-nos, quem detêm o saber, detêm o poder, - portanto, o que a sociedade poderia dar de resposta a isso? Respondo eu esta questão. Formar bons educadores, não apenas recém licenciados universitários, mas Educadores, isso mesmo, com o “e” maiúsculo. Estamos carentes de verdadeiros educadores, nossa sociedade se forma nessas amarras de vícios sociais que nos deixa à margem do saber e do poder. A revolução agora não é mais armada, é intelectual, como o iluminismo, como a revolução filosófica. Devemo-nos atentar aos fatos ocorridos e não nos esquecermos. Os Educadores devemos formar bons legisladores, excelentes governantes, bons médicos, bons operários da construção civil, bons office boys, bons Marcos, boas Marias, bons Fernandos, boas Natálias, chega de maus Magalhães, Collors, Farias, Lalaus, Malufs. Vamos educar para haverem bons homens, de princípio e valores... Ética! Vamos nos tornar a cada dia um pouco mais éticos e críticos. Um pouco mais de ceticismo também não faz mal a ninguém.

O questionamento sobre saídas criativas e originais para o fim da corrupção no país é indubitavelmente difícil de ser respondido. Observamos várias problemáticas, inumeráveis “solucionáticas”, mas nada de práticas. Diante de tantos problemas, indicamos soluções, “educamos soluções” e nos propomos cada um, a fazer do amanhã algo melhor que hoje e claro, sem corrupção. Ou que pelo menos a cada ano um dos tipos “Magalhães” nos dê um presente como em 20 de julho de 2007.

Chico Buarque - Vai passar




Espero q tenham curtido o texto... Bom, Novamente me retiro para sonhar. Amanhã ainda existe trabalho então, "Boa noite e Boa sorte", célebre frase por Edward R. Murrow. Sejamos mais Murrow e menos McCarthy, ou melhor sangremos os McCarthy... (sanguinário hoje não?!?!) rsrsrs

3 comentários:

Unknown disse...

Hmmm
To meio ocupada agora... mas eu volto aqui depois para comentar...

Já adianto que eu concordo em partes.
Mas discordo das mais importantes.

Concordo com a caracterização, concordo que não são os burocratas corruptos que vão decidir aleatoriamente mudar de postura, e de repente ser éticos. Concordo que só uma população consciente e decidida pode virar as regras desse jogo.

Mas pra mim o ponto chave, a "origem de todo o mal", é o capitalismo, por mais fora de moda que isso possa parecer.

E a única solução é "cortar o mal bem pelo fundo".

Enfim...depois desenvolvo melhor...hehe

Mas você está certíssimo...sobre o desafio ideológico que está colocado (e também sobre o tamanho dele).

Já volto..kk
Beijos

Unknown disse...

De pé, ó vítimas da fome
De pé, famélicos da terra
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra

Cortai o mal bem pelo fundo
De pé de pé não mais senhores
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo ó produtores

Senhores patrões chefes supremos
Nada esperamos de nenhum
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum

Para não ter protestos vãos
Para sair desse antro estreito
Façamos nós com nossas mãos
Tudo o que a nós nos diz respeito

O Crime do rico a lei o cobre
O estado esmaga o oprimido
Não há direitos para o pobre
Ao rico tudo é permitido

A opressão não mais sujeitos
Somos iguais todos os seres
Não mais deveres sem direitos
Não mais direitos sem deveres

Abomináveis na grandeza
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha

Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu
Queremos que nos restituam
O povo quer só o que é seu

Nós fomos de fumo embriagados
Paz entre nós guerra aos senhores
Façamos greve de soldados
Somos irmãos trabalhadores

Se a raça vil cheia de galas
Nos quer à força canibais
Logo verás que as nossas balas
São para os nossos generais

Pois somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo
Pertence a terra aos produtivos
Ó parasita deixa o mundo

Ó parasita que te nutres
Do nosso sangue a gotejar
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol te fulgurar

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A internacional

Anônimo disse...

É isso que se aprende em butecos, na noite boêmia! A troca de saberes, de modos e até de grandes segredos!
É Julio, mais uma vez as pessoas ficam espantadas contigo, né muleque!?

Eu ainda acredito que a educação é a chave, o martelo, a broca e toda e qualquer ferramenta necessária para essa revolução brasileira, contra a corrupção!
E não é do ensino escolar não, é como tu disse, "uma criança de cinco anos já decide o valor de sua mesada" (num vou usar as normas ABNT, apesar de que se eu tivesse usado teria perdido menos tempo! Mas foda-se), na minha época (como já dizia o Sagui), as coisas eram diferentes! E olha que a minha geração não é distante da tua, e muito menos da do meu irmão, que é 7 anos mais novo!
Nossa, quando eu era pequeno, exigia-se o respeito para com os mais velhos. Mesmo que fosse pedir a bença, ou benção, para meus tios, tias e outros parentes!
E com isso, vi muitos valores nascerem das minhas relações com estes mesmo ai! E agora vejo, uma prima, creio que 8 anos mais nova que eu, ditando regras na mesma casa em que eu não podia sequer levantar a sombrancelha!

Mas acho que o maior erro, é aprendermos tudo com base no que é errado! "Não faça isso!" "Não coma isso!", dai na hora que nos pedem "Me respeite, eu sou teu pai!", fica complicado a criança entender!

Ah sei la!
Cansei!
Valeu Júlio!